Com a chegada do inverno, o uso de aquecedores a gás traz mais conforto a tarefas rotineiras, como tomar banho e lavar a louça. Para evitar acidentes dentro de casa, todavia, é imprescindível que esses equipamentos sejam instalados corretamente e estejam com a manutenção em dia.
No Rio de Janeiro, um casal foi vítima de intoxicação por monóxido de carbono, devido a falta de ventilação em um banheiro que contava com um aquecedor a gás. Segundo Hélio Castello, cardiologista do Grupo Angiocardio, em casos como esse, o gás resultante da combustão do aquecedor acaba competindo com o oxigênio no ambiente.
“O monóxido de carbono se difunde rápido na corrente sanguínea e se liga à hemoglobina, que é quem carrega o oxigênio. Ao se ligar, ele forma uma substância que se chama carboxihemoglobina e faz com que ela não consiga carregar oxigênio”, explica o médico.
De acordo com Castello, em um primeiro momento de vazamento, quando há ainda uma dose menor de gás no ambiente, sintomas como tontura, dor de cabeça, náusea e vômito podem ser um indicador de que há um problema. Com o aumento da concentração do gás, a pessoa sente fraqueza, dificuldade de concentração e até perda de consciência, o que dificulta que ela saia do local.
Atualmente, a instalação de aquecedores a gás em ambientes de longa permanência, como dormitórios ou banheiros, conta com muitas restrições. Só é permitido instalar aparelhos que sejam de circuito fechado — que não utilizam o oxigênio do ambiente para a combustão e contam com um duto de coleta de ar externo.
“A primeira coisa que a norma de instalação diz, e que muita gente não observa, é que a instalação de um aparelho a gás tem que ser feita por um profissional qualificado”, explica Leonardo Abreu, vice-presidente da Associação Brasileira de Aquecimento a Gás (Abagás).
Geralmente, no site da empresa que fabrica o equipamento, há uma lista credenciada de empresas e profissionais qualificados para realizar a instalação e a manutenção dos aquecedores.
breu reforça que um profissional qualificado sabe as normas técnicas que precisam ser seguidas de acordo com o tipo de equipamento escolhido. “O ambiente precisa ter um volume mínimo; um certo número e tamanho de ventilação permanente, que garante a renovação de ar; e é preciso saber o que fazer com a exaustão do aparelho”, explica.
Segundo o vice-presidente da Abagás, a maior parte dos aquecedores de água a gás do mercado são aparelhos que precisam de um duto de exaustão, a chaminé que vai conduzir os produtos da combustão para fora do ambiente.
É imprescindível que o duto esteja instalado corretamente para não prejudicar a saída dos gases. O ambiente também deve contar com áreas mínimas de ventilação permanente, ou seja, que não podem ser fechadas ou obstruídas, como frestas ou vãos em portas e venezianas acima de janelas.
Uma vez feita a instalação adequada, recomenda-se a manutenção preventiva uma vez por ano. O processo consiste em uma revisão geral do aquecedor e limpeza de algumas peças. É feita uma vistoria a fim de verificar se as peças não estão quebradas ou desgastadas. O duto de exaustão, por exemplo, precisa estar em bom estado de conservação e fixação.
“Essa manutenção dificilmente vai demandar a troca de peças. O técnico vai fazer uma limpeza e vai verificar se há desgaste nas peças. Apenas se houver, é feita a troca”, explica Abreu.
Em condomínios que utilizam aquecimento a gas, o síndico pode adotar uma postura de incentivo a instalação correta e manutenção frequente dos equipamentos. “O ideal é que o síndico seja um aliado que incentive as pessoas a realizarem essas manutenções períodicas, já que muitas pessoas não fazem”, defende Leonardo Abreu.
Buscar informar-se sobre algumas normas e saber orientar os condôminos pode ajudar a trazer mais segurança, dentro do apartamento ou do condomínio como um todo.
“No caso de prédios novos ou mudanças, o síndico pode incentivar que a instalação seja feita somente por profissionais adequados. Isso resolveria muitos problemas”, complementa o vice-presidente da Abagás.
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