Muito se fala das prestações de contas condominiais, entretanto, essa importância inquestionável muitas vezes oculta um aspecto igualmente crucial: o orçamento, considerando ser ele a base de tudo. Não raramente, o orçamento é relegado a um papel secundário, contrariando sua verdadeira relevância, visto que constitui a base para a arrecadação, visando o rateio das despesas planejadas.
Como Auditor, é difícil alcançar a lógica de que, em uma Assembleia Geral Ordinária (AGO), a pauta costumeiramente se organiza da seguinte forma: 1) Deliberação e aprovação das contas do período; 2) Deliberação e aprovação do orçamento; e, finalmente, 3) Eleição do síndico. Este último, ao assumir o cargo, herda um orçamento que lhe foi preparado por terceiros, mas pelo qual ele se torna responsável em sua execução.
Além dessa complexidade, há a forma de elaboração do orçamento em si, que, muitas vezes, envolve a apresentação e defesa de um percentual de reajuste durante a assembleia, com base em dados aparentemente cabalísticos, e a contraposição dos presentes segue a mesma linha, inclusive com comparações desconexas e que carecem de coerência.
Uma vez aprovado o orçamento, novos desafios surgem, a começar pelos grupos de contas que, com algumas exceções, não guardam sintonia com o plano de contas das administradoras, que por sua vez preparam e entregam relatórios mensais de prestação de contas, dificultando ou mesmo inviabilizando o acompanhamento orçamentário de forma efetiva, prejudicando a identificação precoce de variações relevantes, ou até mesmo exigindo a necessidade de convocação de uma nova assembleia para ajuste orçamentário.
ESCRITO POR: Sergio Paulo da Silva
Sócio da Indep Auditores Independentes, perito contábil, auditor contábil CNAI e membro da Comissão de Contabilidade Condominial do CRC/RJ
Fonte:
Síndico JF
https://sindicojf.com.br/artigo-sergio-paulo-da-silva/orcamento-a-base-da-gestao-condominial/
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